Cristãos compartilham alimentos em meio à intensa crise de fome na Coreia do Norte
Por Débora Barros em 07.07.23
Após um duro inverno, a Coreia do Norte passa por uma nova crise de falta de alimentos. Imagens de satélite das autoridades sul-coreanas mostram que o Norte produziu 180 mil toneladas a menos de alimentos em 2022 do que em 2021. Os depósitos de armazenamento estão esgotados e, em resposta a isso e para tentar reabastecer os depósitos de alimento, o governo norte-coreano lançou uma “campanha de mobilização rural”, que “convida” soldados e pessoas que não faziam parte da agricultura para trabalhar nas plantações.
Para amenizar a crise, o governo prometeu importar arroz, mas isso não alimenta a esperança dos norte-coreanos. Cristãos norte-coreanos contaram que a comida importada é distribuída primeiro entre os altos oficiais do governo e depois para os soldados. Apenas uma pequena parte vai para o mercado para as pessoas comuns. Por isso a fome é permanente em todo o país.
O preço dos alimentos também aumentou exponencialmente. Um quilograma de milho, por exemplo, custa 2.500 wons norte-coreanas (aproximadamente três dólares), o que equivale a praticamente metade do salário que um norte-coreano recebe por mês, que oscila entre cinco e dez mil wons.
“Há testemunhos inspiradores de cristãos norte-coreanos que estão ajudando os vizinhos. Eles compartilham alimento, remédios e outros itens de necessidade básica, mesmo que a comida não seja suficiente para eles próprios. Os cristãos secretos estão praticando o amor de Deus nos bastidores e agradecem as orações e encorajamento da igreja livre. Toda a glória a Deus que tem alimentado os seus filhos nesse terrível período de fome”
Diz Simon (pseudônimo), que divulgou a situação no pais.
A Coreia do Norte está na primeira posição da Lista Mundial da Perseguição 2023 elaborada por Portas Abertas. Há mais de 20 anos, o país permanece como um local extremamente hostil para os cristãos viverem. De acordo com a instituição missionária, se descobertos pelas autoridades, os cristãos são enviados para campos de trabalho forçado como prisioneiros políticos, onde as condições são cruéis, ou mortos no local. A família deles compartilhará do mesmo destino.
Portas Abertas explica que o motivo para tal perseguição extrema é que o cristianismo é visto como uma ameaça específica à ideologia ditatorial e ao regime do país. Assim, os cristãos são vistos como inimigos da liderança governamental e da sociedade no geral.